Ainda na gestação, as expectativas em relação ao bebê já são enormes. Os pais querem acompanhar cada gesto, risada e, é claro, as primeiras palavras — como ouvir a criança falar “mamá” e “papá”. Mas e quando há indícios de atraso na fala?
É claro que cada criança tem um ritmo de desenvolvimento, ou seja, é normal variações considerando a mesma idade. Porém, é preciso estar atento a alguns sinais e procurar ajuda especializada para evitar consequências no aprendizado.
Acompanhe este post e entenda melhor o que caracteriza o atraso na fala, até quando esse quadro é normal, as possíveis causas para o problema e qual é o tratamento. Vamos lá?
O que caracteriza o atraso na fala?
Do nascimento até os 3 anos as regiões do cérebro responsáveis pela fala e pela linguagem estão em formação. Por isso, esse é o período em que a criança deve ser estimulada com voz humana, sons e imagens.
A fala diz respeito à expressão do indivíduo por meio de palavras, que são articuladas com o movimento da língua, lábios e de outras estruturas, como as cordas vocais. Já a linguagem é referente a todas as formas de expressão — entre elas, a fala — que tenham como objetivo a comunicação.
As crianças começam a desenvolver a linguagem a partir do segundo ano de vida. Então, caso ela não desenvolva a comunicação até essa idade é preciso procurar ajuda especializada para investigar as causas desse atraso.
Muitos pais levam ao pé da letra a expressão “cada criança tem seu tempo” e esperam tempo demais acreditando que os filhos vão falar naturalmente, que tudo vai melhorar ao ingressar na pré-escola ou que meninos demoram mais para falar do que as meninas, por exemplo.
No entanto, a falta de um diagnóstico precoce e uma intervenção bem planejada pode comprometer o aprendizado e o desenvolvimento de outras habilidades e ocasionar problemas inclusive na vida adulta.
Quais as causas para esse problema de fala?
Existem várias causas para o atraso na fala, entre elas:
problemas de audição, como surdez;
alterações na língua;
limitações cognitivas;
deficiência mental;
transtorno do espectro autista (TEA);
transtorno do desenvolvimento da linguagem;
falta de estímulos adequados.
O atraso pode ser, ainda, decorrente de um quadro chamado de apraxia da fala — um distúrbio neurológico motor em que a criança não consegue planejar e realizar os movimentos para falar.
Não se conhece a causa do distúrbio, mas o que se sabe é que o cérebro não envia os comandos para a movimentação das estruturas envolvidas na produção da fala. Assim, a criança tem a intenção de se comunicar, entende o que é falado, mas não consegue fazer os movimentos articulatórios para isso.
O que esperar em cada fase da criança?
O atraso na fala pode ser notado em crianças de qualquer idade que não reagem a ruídos, não balbuciam ou não usam a voz para a produção de sons. Veja abaixo o que é esperado para cada faixa etária.
Até os 6 meses, o bebê:
reage a sons altos;
dá risada;
sorri para a mãe e outras pessoas próximas;
segue os sons com os olhos;
fica interessado por música;
gosta de brinquedos com música;
começa a balbuciar sons, iniciando com p, b e m, tentando imitar a fala.
De 7 meses a 1 ano, o bebê:
bate palmas;
vira na direção da música;
presta atenção quando alguém fala com ele;
compreende palavras simples, como “água” e “bola”;
atende a pequenos comandos;
procura se comunicar com gestos;
fala palavras como “mamãe” e “não”.
De 1 a 2 anos, a criança:
entende perguntas simples;
obedece a comandos, como “pega o brinquedo”;
junta duas palavras para se comunicar, como “dá água”;
aprende mais palavras;
reconhece figuras em livros e desenhos.
De 2 a 3 anos, a criança:
usa 2 ou 3 palavras juntas para se expressar;
pronuncia sons mais complexos, como k, g, f, t, d e n;
nomeia as coisas;
conversa de um jeito fácil de entender.
Como fazer para tratar o quadro?
Ao notar que a criança não fala ou não tenta se comunicar é importante que os pais consultem o pediatra, um otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo. O otorrino fará a avaliação clínica e exames para verificar alterações na audição.
O fonoaudiólogo vai avaliar a linguagem da criança e entrevistar os pais sobre detalhes do desenvolvimento do pequeno desde o nascimento. Assim, pode realizar sessões com exercícios no consultório, prescrever exercícios em casa e orientar os pais para a estimulação correta.
Já o pediatra/otorrinolaringologista pode solicitar testes auditivos ou até mesmo indicar que os pais procurem um neuropediatra, bem como outros profissionais para intervenção, como psicopedagogo e terapeuta ocupacional.
Como os pais podem estimular a fala dos filhos?
A criança vai aprender a falar ouvindo, por isso é papel dos pais e outros adultos que convivem com ela fazer a estimulação.
Desde que o bebê nasce, é importante que os pais interajam com ele — com conversas, música e imagens. No entanto, não é preciso falar tudo no diminutivo: a dica é variar a entonação e destacar expressões faciais e gestos para chamar a atenção do pequeno.
Você pode aproveitar situações do cotidiano, como o banho, para nomear as partes do corpo, ou as refeições, indicando o nome dos alimentos.
Quando a criança começa a se expressar, é importante que os pais a incentivem a pedir o que quer falando e não apenas apontando.
Também tenha o hábito de ler livros para os pequenos, nomeando os personagens e outros objetos da cena e pedindo para ela reproduzir a história depois.
Existem variações no desenvolvimento de cada criança, mas é fundamental que os pais e responsáveis estejam atentos ao atraso na fala e a outras dificuldades de linguagem. O ideal é procurar ajuda especializada, descobrir as causas e fazer a intervenção precoce para ajudar a criança na vida escolar e na socialização.
Se você quer esclarecer outras dúvidas sobre problemas de fala com as crianças, deixe seu comentário no post que responderemos em breve. Agende também uma consulta com os especialistas em otorrinolaringologia e fonoaudiologia da Otorrino DF diretamente pelo site ou telefone: (61) 3542-2803.