Um dos sentidos essenciais para o pleno desenvolvimento da criança é a audição. A partir do quinto mês de gestação o bebê já escuta, dentro do útero da mãe, os sons de seus movimentos e da voz dos seus pais. Por meio dessa primeira experiência de audição, a criança pode desenvolver a linguagem, habilidade importante para se conectar com o mundo.
Qualquer grau de perda auditiva em crianças pode impactar no aprendizado e na linguagem, atrapalhando todo seu desenvolvimento. Em razão disso, é importante que todos os bebês realizem, em torno do terceiro dia de vida, o teste de Triagem Auditiva Neonatal, também conhecido popularmente como Teste da Orelhinha.
No entanto, esse teste só é útil para diagnosticar problemas auditivos congênitos ou relacionados ao pós-parto. Em alguns casos, a criança pode ter perda auditiva ao longo de sua vida, havendo prejuízo no seu desenvolvimento emocional, cognitivo, social e também na comunicação. Desse modo, é importante que dificuldades na audição sejam diagnosticadas e tratadas precocemente.
É por esse motivo que, caso haja suspeito de déficit auditivo na criança, um médico especialista deve ser procurado. Continue a leitura deste post, saiba quais são as principais causas de perda auditiva em crianças e como identificar os sinais no seu filho.
Quais são os sinais de perda auditiva na infância?
Identificar um déficit auditivo é essencial para garantir que a criança se desenvolva normalmente. Como esse é um problema silencioso, é preciso que os pais acompanhem, de modo crítico, todas as etapas do desenvolvimento dos filhos.
Nesse contexto, é importante frisar a necessidade do acompanhamento com um médico pediatra nos primeiros anos de vida da criança. Esse especialista observa se a criança está se desenvolvendo e se já realizou os principais marcos de cada mês ou ano. Assim, caso seja muito cedo para os pais observarem alguma alteração, o médico poderá levantar a suspeitar e encaminhar a criança para um especialista em audição.
Um bebê de 0 a 6 meses já demonstra sinais de audição, visto que se assusta com sons repentinos ou muito intensos, podendo acordar ou até chorar. Além disso, ele também procura a origem dos sons e reconhece a voz materna, o que o acalma.
De 6 a 12 meses o bebê está mais ativo e localiza sons de seu interesse, reagindo a eles. Ele também pode reconhecer seu nome quando é chamado e começa a tentar se comunicar, com leves balbucios. Dos 12 aos 30 meses a criança fala a primeira palavra e pode até usar sentenças simples (com 3 palavras, por exemplo).
A ausência desses marcos pode significar um problema auditivo, o que deve ser investigado. No entanto, em alguns casos a audição pode ser perdida em uma idade mais avançada. Sendo assim, é importante observar se a criança:
tem dificuldades no desenvolvimento da linguagem;
troca letras ou fonemas com frequência;
vê desenhos na TV com um volume mais elevado do que o restante da família;
não interage adequadamente com crianças da mesma idade;
não responde quando é chamada;
tem dificuldade para entender uma conversa;
fala várias vezes “que?” durante um diálogo;
posiciona um dos ouvidos para frente para ouvir melhor;
chega muito perto das pessoas para escutá-las;
teve queda no seu rendimento escolar;
é criticada pelos professores sobre desatenção em sala de aula;
começou a falar mais alto do que as outras pessoas;
parece realizar leitura labial;
reclama que só tem um “ouvido bom”.
Caso a criança apresente um ou mais sinais, é preciso procurar um médico otorrinolaringologista. Esse profissional realizará testes auditivos específicos para identificar o problema e corrigi-lo, se for preciso.
Quais são as causas de perda auditiva em crianças?
Genética
Em muitos casos não se pode determinar qual é a causa exata do problema auditivo. No entanto, é possível suspeitar que a causa seja genética quando há história familiar de perda auditiva — principalmente se aconteceu com um dos pais da criança — ou se houver anomalias craniofaciais.
Além disso, se existe consanguinidade parental (pais parentes próximos) ou sinais de síndromes associadas à deficiência auditiva, também é recomendado realizar avaliação genética.
Prematuridade
O parto prematuro é um dos fatores que aumenta a chance de desenvolver surdez. Isso acontece porque podem ser usados antibióticos que causam lesão auditiva, chamados ototóxicos.
Esses medicamentos são essenciais para cuidar da saúde do bebê, visto que a sua chegada prematura ao mundo é acompanhada de um sistema imunológico fraco, o que possibilita infecções bacterianas severas.
Traumatismo
Um traumatismo pode provocar luxação ou fratura dos pequenos ossos localizados no ouvido médio, e pode ocorrer devido a quedas ou durante brincadeiras, por exemplo. Esses ossículos são responsáveis por transmitir a vibração do som, o que é importante no processo de audição.
No entanto, na maioria dos casos não há defeito neurossensorial, ou seja, não há lesão de nervos e outras estruturas. Desse modo, a sua correção é mais simples, visto que é preciso somente acertar a posição ou a estrutura dos ossos.
Doenças infecciosas
Durante a gestação, o bebê pode ser infectado por alguns agentes que causam danos à orelha interna. Entre as doenças se encontram a toxoplasmose, a rubéola, a sífilis, o citomegalovírus e a herpes. As doenças infecciosas são as principais causas de surdez congênita, em que o bebê já apresenta déficit auditivo ao nascer.
Nesse contexto, é importante que a mãe faça o pré-natal corretamente, visto que durante as consultas é possível tratar infecções e evitar que os agentes cheguem até o bebê. Além disso, antes de engravidar é preciso que todas as vacinas faltantes no esquema sejam tomadas com, no mínimo, um mês de intervalo.
Meningite bacteriana
A meningite bacteriana pode simular uma virose, com sintomas como febre e mal-estar. Além disso, rigidez da nuca, dor de cabeça e náuseas são outros sinais. É possível evitá-la vacinando a criança contra Meningite C, vacina disponível no SUS e que deve ser aplicada até os 3 meses de idade.
No entanto, se a doença evolui, pode deixar sequelas. Uma das principais é a surdez profunda, sendo que essa é uma das principais causas de surdez na infância.
Como as causas de surdez são inúmeras e podem acontecer em qualquer idade, é fundamental marcar uma consulta com um otorrinolaringologista durante o check-up anual da família. As células auditivas não apresentam grande capacidade regenerativa ou de cicatrização, ou seja, uma vez perdidas, pode ser impossível recuperá-las.
No entanto, se a perda auditiva for diagnosticada precocemente, as chances de recuperar a audição são maiores. Isso é especialmente importante para as crianças, que precisam de plena capacidade auditiva para se desenvolverem.
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