Quando se fala em lágrimas, muita gente relaciona somente às emoções, como os momentos de choro de tristeza ou alegria. Porém, saiba que essa solução salina é produzida constantemente, sendo responsável pela saúde ocular e, desse modo, é preciso ficar alerta em relação a qualquer problema nas vias lacrimais.
A obstrução desses canais, por exemplo, pode acometer crianças e adultos e exige tratamento para evitar complicações, como infecções.
Neste post vamos explicar como é o funcionamento das vias lacrimais, os sintomas de sua obstrução e as formas de tratamento — como a dacriocistorrinostomia endoscópica — cirurgia realizada pelo otorrinolaringologista. Acompanhe!
O que são vias lacrimais?
As lágrimas são responsáveis pela saúde dos olhos. É uma solução formada por água, sais minerais, proteínas e gordura, que mantém a superfície ocular constantemente úmida, um processo de limpeza e lubrificação que protege contra as impurezas do ambiente externo e evita infecções.
A substância é produzida pelas glândulas lacrimais, que se localizam atrás das pálpebras superiores, e, ao piscarmos, esse fluido se espalha por toda a superfície do olho. Ele então é drenado para o saco lacrimal e segue por um canal até o nariz e garganta. É por isso que, ao chorarmos, notamos que a lágrima também escorre pelo nariz e sentimos um gosto salgado na boca.
Quais problemas podem afetar essas estruturas?
As vias lacrimais podem ficar obstruídas impedindo o caminho da lágrima dos olhos ao nariz e garganta. A situação é mais comum em recém-nascidos e crianças de até 3 anos, mas pode também afetar adultos, principalmente após os 50 anos.
Desse modo, a obstrução pode ser congênita ou adquirida. Não há consenso sobre as causas para esse quadro. Pode haver relação com alguma infecção, no entanto, muitos médicos observam que a infecção acaba sendo uma consequência desse problema.
Quais os sintomas da obstrução das vias lacrimais?
Confira a seguir os principais sintomas dessa obstrução:
secreção ocular;
lacrimejamento excessivo (epífora);
visão “borrada”;
olhos “grudados” ao acordar;
presença de uma pequena bolsa próxima ao nariz;
infecções recorrentes do saco lacrimal.
Por conta desses sintomas, muita gente pode confundir o problema com conjuntivite crônica. Contudo, quando há obstrução das vias lacrimais, os olhos não ficam vermelhos ou inchados como ocorre com a infecção.
Por isso, evite o uso de colírio ou qualquer outro medicamento antibiótico sem a prescrição médica.
Como é o tratamento?
Em bebês, é comum que a obstrução desapareça normalmente até os 8 ou 9 meses sem a necessidade de intervenção cirúrgica. Com a orientação do especialista, é possível até mesmo auxiliar nesse processo fazendo massagens suaves nos canais lacrimais da criança. Isso pode ajudar no rompimento de uma membrana que causa a obstrução.
Quando não há solução espontânea, pode ser indicada a sondagem das vias lacrimais, um procedimento cirúrgico feito com uma fina haste de metal que tem o objetivo de fazer a desobstrução mecânica do canal lacrimal.
Pode ser realizado com ou sem o uso de tubos de silicone — que são retirados depois de 3 meses e têm a função de manter o canal aberto no período de cicatrização. Essa intervenção é indicada para crianças de até 14 meses.
No entanto, quando a sondagem não apresenta resultados nas crianças ou ainda quando a obstrução das vias lacrimais acontece em adultos, é necessária a realização de outra cirurgia — chamada de dacriocistorrinostomia.
Essa intervenção cirúrgica apresenta altas taxas de sucesso e pode ser realizada de duas formas. Acompanhe:
Dacriocistorrinostomia convencional
Cirurgia que tem o objetivo de criar uma via para o “caminho” da lágrima entre o saco lacrimal e a cavidade nasal. É realizada externamente, com um pequeno corte na base do nariz, o que deixa uma pequena cicatriz no local da incisão.
Dacriocistorrinostomia endoscópica
O mesmo procedimento para a desobstrução das vias lacrimais pode ser realizado por vídeo. A dacriocistorrinostomia endoscópica é feita dentro do nariz e, dessa maneira, não há a necessidade de incisão externa. A cirurgia é realizada pelo médico otorrinolaringologista.
A técnica é realizada com o uso de fibra óptica, o que permite a localização precisa do saco lacrimal e da obstrução. A incisão é interna e o médico coloca uma fina sonda de silicone no novo canal, que fica de 1 a 3 meses, para que ele permaneça aberto durante a cicatrização. Essa sonda não causa desconforto ao paciente e é retirada no consultório do otorrino ao fim do procedimento.
Com a dacriocistorrinostomia endoscópica, não há necessidade de pontos e os curativos colocados na cavidade nasal são absorvidos pelo organismo. Com isso, a alta hospitalar geralmente ocorre no mesmo dia e o paciente tem uma recuperação mais rápida, com menos dor e menor sangramento, quando comparada à técnica convencional. Além disso, o nariz não fica com inchaços após o procedimento nem com cicatriz.
Outra vantagem é que essa cirurgia por vídeo permite corrigir também outras alterações nasais, como desvio de septo, e as vezes sinusites repetidas por exemplo.
É importante salientar que, apesar de o otorrino realizar a dacriocistorrinostomia endoscópica, o diagnóstico e a avaliação da melhor forma de tratamento para a obstrução das vias lacrimais deve ser feito pelo oftalmologista.
Qual a importância da detecção precoce dessa obstrução?
A obstrução das vias lacrimais deve ser tratada pois pode causar problemas mais sérios, como inflamações e infecções, já que os olhos ficam mais sensíveis sem a lubrificação adequada.
Uma situação é a infecção no saco lacrimal, chamada de dacriocistite aguda. A lágrima não é drenada, o que gera a proliferação de bactérias. É uma situação que causa dor, calor local, vermelhidão e muita secreção. Em casos como esse, antes da cirurgia de desobstrução do canal lacrimal, a infecção deve ser tratada com o uso de antibióticos.
Viu só como é fundamental ficar atento à saúde dos olhos e procurar o médico quando se nota o lacrimejamento excessivo ou mesmo infecções recorrentes. São sinais indicativos da obstrução das vias lacrimais, que pode ser tratada por cirurgia endoscópica no nariz, o que garante um pós-operatório mais rápido e recuperação mais tranquila.
Gostou de acompanhar este conteúdo sobre problemas de saúde, que podem acometer inclusive os bebês?
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